quarta-feira, 30 de março de 2011

Tentando entender o que estou fazendo aqui

pois é, voltei. Voltei por que preciso desesperadamente terminar uma monografia, e pra isso, preciso me reapaixonar pelo tema. Não dá pra fazer nada de verdade sem paixão, sem tesão.

É que eu passei muito tempo sem energia pra nada e agora tô sentindo a energia voltando, e terminar a faculdade é uma coisa que tenho vontade de fazer. Só que é uma vontade... bem...é tipo assim, seria bom terminar, tá fácil, só falta a monografia, pelo menos o levantamento bibliográfico tá pronto, e como disse o meu coordenador, ela não precisa ser um trabalho grandioso e assustador, só um "trabalhinho singelo". Tá fácil. Vai ser legal. E o tema da monografia é ótimo! É possível fazer uma coisa simples, modesta, que não seja desgastante, e ao mesmo tempo importante, motivadora.

Mas, cadê A Vontade? Aquela vontade, aquela que leva a gente a, sei lá, viajar de carona, juntar grana pra ir a show, acordar de madrugada pra ver alguém, mandar um email brega. E também, militar por uma causa. Já me senti muito "entusiasmada" com o feminismo acadêmico, e agora tento entender como isso se foi. Se foi no poço sem fundo da academia, onde a gente escreve, escreve, escreve, e só faz juntar poeira nas bibliotecas. Uma perseguição de um conhecimento que nunca chega a lugar nenhum, a gente se especializa num assunto e se afunda cada vez mais nele, só nele. Eu já caí nisso, e me sentia perdida - e incompetente - num turbilhão de coisas pra aprender que sempre se apresentavam a mim como o que me faltava pra poder construir algo muito grande,importante, pedante, massacrante, muito maior do que eu. Uma vida gasta com a bunda na cadeira pra ninguém sequer ler o que foi escrito. Fico muito decepcionada quando pego um livro fantástico e vejo que só eu o peguei emprestado em 8 anos. Parte disso nem é desinteresse das pessoas, é só que tem muita coisa escrita e a gente se perde no meio disso tudo. E outra parte é que nem tudo o que se escreve é tão bacana, é só pra saciar a sede de produção do sistema acadêmico, e encher o Lattes de alguém - alimentando a Ilusão de se vai chegar a algum lugar, se vai conseguir O Grande Trabalho Acadêmico.

Mas também não quero algum trabalho medíocre, que sirva só para encher meu Lattes. Preciso pensar que meu trabalho, mesmo tendo aprendido que ele pode ser um "trabalhinho singelo", vai fazer mais na minha vida que ser mais um item no meu Lattes. Deve ser possível conciliar isso.

***

Talvez eu queira ouvir mais e falar menos. Perseguir menos e parar pra sentir/viver outras formas de...de... seria compreensão das coisas? Produzir menos, dizer menos, e entender mais. Porém, ao mesmo tempo, sinto que tenho muito a dizer. Tenho pensado muito nisso: o porquê , como e o que escrever.


Tenho muito a dizer, mas talvez o problema seja pra quem. Não tenho disposição pra brigar com trolls masculinistas, nem pras picuinhas entre linhas teóricas, nem pra quem se preocupa mais com as normas da ABNT do que com o conteúdo do que to escrevendo. Sei lá, fiquei tanto tempo fora da faculdade que nem me lembro direito o que me incomodava tanto nela. E tô até com medo de relembrar.

Mas enfim, tenho muito a dizer sobre mulheres, feminismo e aborto e to sentindo uma disposição não sei direito pra quê, mas alguma disposição - A Vontade - existe. O desafio agora é conseguir canalizá-la pra construção de algo que me dê prazer de fazer, que me deixe ansiosa por ver pronto, que eu acredite de verdade.

talvez não seja ter coisas pra dizer, mas ter disposição pra entender. Aprender.
Sim, me lembrei. Acho que é isso.

2 comentários:

  1. Nó amor, tu escreve muito bem! - Absurdo eu só descobrir isso à essa altura do campeonato! - Teus dilemas parecem muito com os meus na época da monô. Tirando que eu me lancei, de bobeira, na viagem d'O Grande Trabalho e tals. Quanto à vontade, o melhor a fazer é começar, dar um empurrão, que depois o texto desembola pela própria inércia. =****

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  2. ps. que fonte bonita essa do seu blog! Qual é?

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