Vi as éguas da noite galopando entre as vinhas
E buscando meus sonhos. Eram soberbas, altas.
Algumas tinham manchas azuladas
E o dorso reluzia igual à noite
E as manhãs morriam
Debaixo de suas patas encarnadas.
Vi-as sorvendo as uvas que pendiam
E os beiços eram negros e orvalhados.
Uníssonas, resfolegavam.
Vi as éguas da noite entre os escombros
Da paisagem que fui. Vi sombras, elfos e ciladas.
Laços de pedra e palha entre as alfombras
E vasto, um poço engolindo meu nome e meu retrato.
Vi-as tumultuadas. Intensas.
E numa delas, insone, me vi.
(Hilda Hilst)
Na beira do poço, vive a sombra do Ser.
ResponderExcluirNo fundo do breu, o que é sem dizer.
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Belo poema! Pena só ter lido um livro de Hilda Hilst. Mas continuarei.
Oh, que bobagem. Aquilo não passa de palavras bobinhas...!
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